terça-feira, agosto 09, 2011

Sobre Filhos e Yorkshire parte III

Como educadora por anos posso dar minhas impressões a respeito da então geração X que se tornou pai e mãe, “damos tudo aquilo que não tivemos de nossos pais”. Engordamos nossos filhos com fastfood, não os deixamos assistir tanta TV em compensação para aliviar nossa consciência os deixamos por horas em frente ao Discovery kids cujo programa é mais “educativo”. Também direcionamos os pequeninos a escola que sonhamos outrora em estudar, de preferência a escola que o coloque em uma boa faculdade ou que pelo menos o ensine valores. A melhor seria aquela que faz o que eu não arrumo tenho tempo para fazer. Afinal o que é educação? O que é família? Eu diria que família é o primeiro lugar onde você deverá aceitar coisas que não planejou. É assim que nasce o Bullying, no seio da família onde comparações, gozações e discriminações começam a acontecer porque você não está preparado para aceitar que seu filho não é um “Yorkshire”. Ele é um ser humano cujo álter- ego carregará para sempre coisas que você inseriu demais ou deixou faltar. E por mais que você tenha sido um excelente pai ou mãe, somente com os anos seu pequeno bebê reconhecerá isso.
Não pense que sou radical demais, a realidade das atuais famílias é um desastre completo. Não que nossos pais não tenham passado por isso, mas são contextos bem diferentes e eles também construíram seus monstros e já pagaram por isso. Repressão, liberdade, conversa, punição, surra; Quando na história pudemos falar tão abertamente do tratamento que era dado para aqueles que eram mais um “servo” do que um ser humano?  Sobrevivemos? Sim, porém o fato de termos sobrevivido não significa que foi com qualidade, talvez o verbo utilizado – sobreviver -  basta por si só para explicar. No passado não havia milhões de canais na TV, gays não se beijavam em público e muito menos lutavam pelo direito de se casar. A palavra homofobia é mais nova que a palavra Internet. Somos bilhões e “tuítamos” tudo o que fazemos, sentimos e vemos. Os tempos mudaram e os motivos para maternidade/paternidade deveriam ser mais claros e responsáveis. E o mais perigoso, hoje somos obrigados a ter uma opinião.
Pois bem, se a maternidade/paternidade ficou mais complicada após ler tudo isso, não se abale, só não trate seu “filhotinho” como um Yorkshire bem tratado. Ele é gente pensa e age por si só. e busca mais que comida, roupas e tecnologia ele busca realização pessoal e tem sonhos próprios.Ele busca nos pais o caminho para construir seu próprio EU. Entretanto não se esqueça, há pais que somente preenchem economicamente seu filho, obviamente ele aprenderá que de você só pode ter mesmo é dinheiro.
Radical ou não sou mulher e não estou preparada para ter filhos. Talvez eu nunca saiba se estarei ou não preparada de fato e talvez se um dia for mãe eu seja a pior mãe do mundo. A única certeza que tenho hoje é que eu sei certamente diferenciar o lugar de um filho e de um yorkshire em minha vida.



2 comentários:

Andre LL. disse...

nao quero nem pensar em filhos... é como eu sempre digo ao me referir ao assunto: "A maldição morre comigo... ninguem a levará adiante".
Triste nossos tempos... trazer uma criança ao mundo, é trazê-la para sofrer, independente do que você faça.

Karen delnia disse...

penso igualzinho a você. egoísmo ter filhos só para satisfazer sua vontade de ter um cachorrinho.